A região da Bourgogne ou Borgonha fica na região oriental da França e produz alguns dos vinhos mais famosos do mundo. A introdução das vinhas na região remete à séculos e é incerta, mas já no século IV havia uma comercializão bastante desenvolvida na região.
A Borgonha é uma região única no mundo. Graças à Igreja, que a dominou por séculos e à dedicação dos monges, em especial os cisterciences, os vinhedos da Borgonha puderam ser desenvolvidos. Os monges tinham todos os fatores necessários para isso: tempo, dedicação, recursos e uma imensa vontade de fazer o melhor.
Ao contrário de Bordeaux, a Borgonha classificou seus vinhedos a partir de observações de séculos e sem nenhum interesse comercial, uma vez que a produção era feita quase que exclusivamente para a própria igreja até que houvesse a desapropriação de suas terras que costumeiramente pertencem desde então às mesmas famílias por décadas e até séculos.
A região da Borgonha é uma verdadeira colcha de retalhos, com propriedades minúsculas e uma média de apenas 1 hectare por produtor.
Aqui existe o conceito de "climat" criado pelos monges: cada minúsculo vinhedo tem suas particularidades, inclusive de solos. Aqui a delicada Pinot Noir exerce seu domínio, mostrando-se em toda a sua potencialidade.
Há 5 subregiões na Borgonha classificadas em nada menos de 100 AOCs: Côte-d'Or - onde encontram-se os melhores e mais prestigiados vinhos, Côte Chalonnaise, Mâconnais, Chablis - domínio da única branca da região, a Chardonnay, esplendorosamente expressiva, e Beaujolais, que muitos consideram como uma região à parte, por produzir vinhos jovens de outra uva tinta, a Gamay. O total de terrenos da região é de apenas 24 mil hectares, que correspondem a apenas 3% de toda a produção francesa.
Não é a toa que os vinhos da Borgonha custam caro. Chamados de "femininos", são frequentemente mal interpretados. Podem ser considerados "fraquinhos" já que sua força reside não em um corpo musculoso e viril, mas na complexidade de seus aromas, sabores, vinhedos e História.
A Borgonha é um desafio que merece ser aceito.
A sub região de Chablis fica ao norte da Borgonha, próxima à Champagne e Paris. É uma região fria com invernos rigorosos e lar perfeito para a Chardonnay.
A AOC/AOP (appellation d'origine contrôlée/protégée) Chablis Grand Cru é a mais prestigiada da região. É uma denominação comunal, ou seja, refere-se à
uma região de uma comuna específica e um "climat" (grand cru) ainda mais específico. Os climats são: Blanchot, Bougros, Grenouilles, Les Clos, Preuses, Valmur e Vaudésir.
Aqui há a expressão máxima e riquíssima da Chardonnay: um vinho austero, seco, marcante, mineral, encorpado, extremamente complexo, elegante e completamente inesquecível.
